Esforço-me todos os dias para que me entendas. É simples, mas difícil de o conseguires fazer. Apenas tens de me ouvir. Não o digo com os teus ouvidos, esses ouvem perfeitamente o que lhes convém. Digo ouvires-me com o coração. Esforço-me todos os dias para que compreendas isso. E não deveria ser eu a dizer-to mas tu a mim. Tu é que és mais velho, mais experiente e mais sabedor. Se eu tenho a calma para te entender porque não a tens tu? Porque me gritas? Fiz-te mal? Quando, como e onde? Explica-me isto, espera não fugas aos dois assuntos. Onde vais? Porque é que eu tenho de te explicar isso? Não sejas assim. Não te vás embora. Porra, pára quieto, tu é que és meu Pai e não o contrário! Ouve-me uma vez na tua vida com o teu coração. Não te isoles de mim, não me desprezes, não me deixes a falar sozinho. Porque é que é tão difícil para ti ouvir, quando mo exiges a todo o instante? E eu que faço? Obedeço-te na esperança que me ouças no final, que vejas o meu ponto de vista que me compreendas. Se sofreste, quero que saibas que eu também e precisamente pelas mesmas razões portanto como a dor é a mesma vamos parar com os títulos e as merdas que a sociedade e os jornais te metem na cabeça. É que eu leio e vejo as mesmas merdas que tu mas tenho um filtro muito grande na maioria dos assuntos e consigo distinguir com clareza o altruísmo da filha-da-putiçe.
Mas não fujas à conversa inicial... que mal te fiz? Porque é que nunca me consultas quando eu te consulto para tudo? Tenho de mudar a minha estratégia? Tenho de deixar completamente de falar? De falar-te? Deixar de escrever também? Ser o tipo de gajo egoísta que nunca fui em relação a ti e pedir coisas e fazer birras? Porque o havia de fazer agora? Porque é que tem de ser assim?
Que mal te fiz? Quando o fiz? Era quando era ainda um miúdo? Foi em adolescente? Porque é que me olhas dessa forma e estás a maioria do tempo de trombas? Porque é que só sorris na rua, enquanto falas para todos ouvirem, ao mesmo tempo que esbracejas, dizendo maravilhas acerca de mim? Porque me dizem ao telefone que não faço mais que a minha obrigação e no segundo que desligas te vanglorias aos teus amigos? Porque é que para ti aparecer e mostrar-te aos outros é tão importante? Porque é que para ti é tão importante ter coisas caras, carros grandes, em largo número? Porque é que não te contentas nunca com o que tens? E porque é que se preciso de ler me atiras à cara que tenho a casa cheia de livros e que não compreendes porque gasto o meu dinheiro em porcaria?
Esforço-me mas não facilitas as coisas. Imagina que eu te fazia o mesmo que tu fazes aos teus progenitores. A ignorância total. Irias ficar mais feliz? Da próxima vez que me questionares, pensa no que fazes da tua vida, pensa na forma como vives, pensa no sofrimento que causas, e pensa no teu futuro. Também no teu futuro me vou esforçar por que não tenhas amarguras, tudo porque és meu pai, e apesar de nunca me teres compreendido, és uma pessoa essencial na minha vida. Até lá, tenho de continuar lentamente a ouvir as tuas intransigências e preconceitos, esperando que um dia a luz do Sol te ilumine a vida e consigas compreender o mistério que é viver.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
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