O que estava combinado era encontrarmos-nos meia-hora antes do concerto para estarmos um pouco à conversa e, desta forma sabermos como tinha corrido a semana a todos, já que não nos víamos desde o fim-de-semana anterior. Entrámos na cave onde ia ser o concerto, que para variar, estava cheio de gente, com pouca luz e com música ambiente a tocar aos altos berros. Alguém sugeriu irmos mais para a frente para não perder pitada do concerto, e assim fizémos.
As luzes ligaram-se iluminando a banda, e foram decrescendo de intensidade com as primeiras batidas da bateria. Sentia-me um pouco cansado, e desviei o olhar para o chão para poder bocejar, levantando depois a cabeça.
Essa foi a primeira vez que te vi. Os teus olhos brilhavam tanto como os holofotes que iluminavam o pequeno palco à nossa frente. O teu sorriso era fantástico, carregado de uma leveza que lembra o algodão-doce, e talvez os teus lábios fossem igualmente doces. Queria tanto perguntar-te o nome mas nem foi preciso, porque a tua amiga virou-se para ti de repente e gritou "Lyla, eles são geniais, não são?".
De repente o barulho de fundo da banda era secundário e quase que ouvia mais alto a tua respiração e os gritos de euforia que libertavas. Também parecia que o meu coração fazia barulhos altos, quase ao ritmo da bateria.
Tentei fazer com que reparasses em mim, mas não tiraste os olhos da banda.
Quando as luzes no final se acenderam, os meus olhos ficaram encadeados por uns segundos, e quando recuperei a visão já não estavas lá. Nunca mais te voltei a ver. Muitas vezes pensei que nem sequer existisses, pois essa foi a única vez que te vi. Seria a minha cabeça que criava a tua visão? Aos meus olhos parecias perfeita, simpática, inteligente, mas sobretudo real. Tudo o que procurava na altura e tudo o que procuro agora. Estavas realmente lá?
Estarei a ficar louco?
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário